A que sempre volta pra casa sozinha
“Sempre que der,
mande um sinal de vida de onde estiver dessa vez,
qualquer coisa que faça eu pensar que você está bem
ou deitada nos braços de um outro qualquer,
que é melhor…Do que sofrer
de saudade de mim como eu tô de você”
Essa frase ecoava em minha cabeça enquanto assistia — de relance e nas subsequentes rememorações que minha imaginação insiste em usar como objeto de tortura — você deitada nos braços de um outro que, longe de ser um qualquer, sempre pareceu ser mais correto que eu para a tarefa de estar ao seu lado.
A essa altura do campeonato, porém, apenas assisto a partida final da relativamente confortável distância da lanterna, saboreando o gosto de quando ainda lembram daquela promissora sequência de vitórias no começo da temporada, que logo se desfez em… bem, onde estou agora. Não tem metáfora esportiva que dê conta de elucidar o momento exato, perdido no passado, no qual tudo se foi.
Eu sou aquela pessoa que sempre volta pra casa sozinha e você ainda faz troça de minha situação, ficcionaliza um momento de redenção que eu, já resignado, apenas declaro não mais acreditar ser possível, sobretudo pela raiva de não conseguir dizer tudo que você precisa saber. Humilhação pouca é bobagem e, por isso, além do vexame das poucas palavras tímidas e suplicantes que conseguiram ganhar vida, aquelas que não chegaram a tempo surgem retardatárias, relegadas ao limbo das possibilidades inverossímeis e delirantes. Talvez a minha grande chance já tenha passado, cacete!
Que você, ao menos, sempre tenha como voltar — quiçá, acompanhada — para um abraço que é lar.