Adeus, passarinha

Mário Carneiro
1 min readJul 6, 2020

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“You’re the cutest thing that I ever did see”

Você me conhece. Não sou de pensar muito no que não dói, quiçá escrever sobre, mas, em meio a tanto amargor, rememorei tua rebeldia, de como sonhei contigo e seu bater de asas. E aquele limoeiro. O do poeta, lembra? Que você tão gentilmente me mostrou, em meio ao vendaval que soprava de tuas asas.

Também lembro daquela raposa que te ofereci. Não a do livro, a do jogo! Você a negou porque quisera ter sido vista enquanto a garotinha. Mais um dos pesos do nosso voo. Impus a triste perspectiva dos humanos no teu coração animal selvagem, solitário eternamente a procura do bando (ou da matilha), que eu desesperadamente busquei ser, e este mesmo desespero nos ceifou. Abandonei nosso lar.

Ainda bem que não tardou para você perceber que a garotinha dos teus olhos é tão somente uma parcela da imensidão do teu ser, e sua mente — sua parte que você tanto teme — é seguramente onde se escondem teus mais belos segredos. E os encobre tão bem que mesmo você ainda há de desvendá-los e, bem, quando a hora chegar, é bom que o mundo se prepare pros teus encantos. Enquanto isso, ele se regojiza com a beleza dos teus processos.

Você me ensinou que não importa a afinação da canção, se ela vem do coração. Guardo nele, também, o primeiro devaneio proporcionado pelo fulgor do teu sorriso.

Voa, passarinha.

Voa.

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Mário Carneiro
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