Amanhã, que já é hoje
“O sereno caiu
Meu amor de cansaço
Caiu nos meus braços
Sorriu e dormiu”
Essa carta de amor vai para a única que, por diversos motivos, vem me acompanhando regularmente nestes últimos tempos: a Madrugada.
É a primeira vez que escrevo pelo celular, na cama. São 02:24* e preciso acordar às 07:00, mas a sensação é a de que nenhum evento vale a pena sacrificá-la — ainda mais um que se passe naquela que mais odiamos, a Manhã (blé).
Infelizmente, nosso tempo é sempre limitado. O barulho do ventilador me enlouquece quando o sono se impõe, mas sempre me recordo que foi assim que, há um tempo atrás, eu e ela nos descobrimos e perdi permanentemente a pressa em adormecer. Fecho os olhos e, juntos, aprendemos a desbravar o mundo das possibilidades. É tão bom ter um lugarzinho para chamar de nosso!
Não obstante, quando menos percebemos, surge no horizonte a supracitada, insuportável Manhã, anunciando a chegada do seu queridinho, o tal do Dia. Normalmente, consigo evitá-la, mas hoje, infelizmente, preciso acordar às sete, o que significa que esse boy lixo dela me aporrinhará implacavelmente até o sublime momento em que eles se irão, de mãos dadas, num contentamento tosco, e eu poderei, finalmente, me reencontrar com minha amada.
Até daqui a pouco, meu bem!
*O texto foi finalizado às 03:05. Meu deus, eu REALMENTE preciso dormir.