Americano
“Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança,
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste, não.”
Do que você precisa? Qual é a necessidade? Tudo vai bem, tudo legal. Nesse ritmo, a síncope traga o desejo (melhor nem falar do tesão…) e o novo é relegado ao cantinho da sala, da roda, da contingência, da inércia.
Conformismo era como se chamava antigamente, embora ninguém nunca esteja conformado — meramente amortecido. Porque sonhamos. A gente sempre sonha. Bailamos. Eu, por exemplo, enforquei minhas fantasias com tenra idade. Só que elas fugiram de minha constrição e buscaram abrigo, habitat, na selva de minhas ideias, meus dedos e minha voz.
O que importa, no final das contas, é que não se carece de muito pra fazer uma moda: objetos que ecoem, cordas — das tripas ao nylon — e gente vagabunda, que ainda insiste em parvoíces como chorar, amar e cantar.
No limite, no entanto, antes do coro, fica entre nós aquela questão:
Quem é que puxa o samba?
Ensaios são importantes. Estudar, ouvir, praticar. Mas, é só na noite que se aprende o canto do coração; na noite do dia, das cores, da vida.