As aventuras de Poe, poeta louco americano, no planeta Tinder

Mário Carneiro
1 min readJul 3, 2020

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“O amor só é bom se doer”

Até a tolice tá cansada de home office. Saudosa do medo da hora do toque, do beijo e da despedida.

O cyberafeto tem seu direito a existência, mas não há tik-tok que substitua o riso desabestado dos amigos e o sorriso da menina bonita na outra mesa do bar. Não há como comparar o receio dos caracteres errados com o das palavras erradas; o olho-no-olho mediado pela tela é simplesmente mais fácil, e, por conseguinte, menos saboroso.

“[…] não sente nem vê”.

Seguramente, só os desonestos e vazios ainda consideram a transposição de um pelo outro. Sei que não se trata disso. A questão é que abusamos dos limites e fronteiras entre os modos de existência: buscamos na máquina o que não é dela. Há pelo menos duas décadas, pessoas se cativam pela internet, à distância, mas é a primeira vez que experimentamos essa socialização compulsoriamente.

Como se encantar sem o vislumbre do toque, do beijo e da despedida?

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Mário Carneiro
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