“brisa”

Mário Carneiro
1 min readFeb 27, 2019

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no século prafrentex, conjecturar tornou-se categoria de acusação. àquele que pondera sobre o mundo à sua volta, reservamos as coroas de espinhos. escrever tornou-se o mais doloroso dos ofícios, onde palavras mortas-vivas como literatura ainda insistem em grunhir.

a palavra escrita, mais do que nunca, carrega a cruz da utilidade. já é amplamente sabido que, se todo ser humano é político, toda escrita também há de ser. todavia, nunca antes na história deste país, todo e qualquer fonema proferido há de ter seus como e por quê perfeitamente delineados, para agradar àqueles a quem se destina.

“Entramos, irremediavelmente, na Era Pós-Moderna. Mas não sejamos moralistas nem juízes rigorosos. Não é ‘pós-moderno’. ‘Pós-moderno’ é aceitar as coisas tal como elas se apresentam. Sabe esse tipo de coisa?” (“Punk, Dark, Minimal, O Homem de Chernobyl”)

leminski nos falou sobre a essência recicladora da pós-modernidade, no que diz respeito a o que chamara de modas (basicamente, tudo que já existiu). minha geração recicla o marxismo vulgar, o liberalismo romântico e o mais demodé dos fascismos, tanto no que diz respeito à política, quanto à estética. Nada se cria.

ah, se o pensamento tivesse a leveza do sopro dos mares…

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Mário Carneiro
Mário Carneiro

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