Com’um segredo
“Difícil é saber
o que acontecerá”
É no canto do olhar e na palavra não dita que a gente se encontra. É quando te abraço e sinto teu cheiro, mas não o enuncio. É em vias de esquecimentos e reminiscências que se movimentam nosso irrefreável afeto.
Do ápice da ginga do menino que dança, com a bola que respinga, a gente joga. Quando te olho nos olhos, mostro minhas cartas, arregaço as mangas e te entrego meu peito. Você me abranda.
De todos os caminhos possíveis, o teu é o que mais faço questão de cruzar — sendo o único que, até então, me fez desviar de meus descaminhos. Faço cálculos imperfeitos de todas as rotas, sempre contando com que a falibilidade dos números e das certezas me levem até você. É no passo, no ato e na renúncia que me afogo. Felizmente, sempre perco o fôlego.
Quando eu te amo surgiu entre nós, foi sem som, tampouco eco. Nem por isso foi menos dito: poucos clamores são mais estrondosos que o sussurro à quem se ama.
Não há, nesse mundo, quem não conheça a minha confissão.
E você?