d’A Falta

Mário Carneiro
1 min readMar 27, 2023

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“I’m old enough to see behind me,
but young enough to feel my soul”

A Falta é como o espaço que fica quando se remove uma bala do peito. É o momento exato do corte, seja ele do papel ou da espada. É o eterno procurar por sabe-se-lá-o-quê, mesmo sabendo da futilidade da busca.

A Falta é prima da Esperança, outra sonsa que mal sabe o que lhe espera — e, justamente por isso, espera. Ambas são incorrigivelmente otimistas, daquele tipo que todo mundo hoje em dia aponta o dedo e ri, mas sonha em ser quando das lágrimas no chuveiro.

“Life is just a lonely highway”

A Falta tem uma cara hedionda, não há desconstrução que admita seu feiume. Ninguém quer ser visto com ela. Bela mesmo é a Plenitude, palavra que não demora a nos proporcionar um sorriso e, por consequência, deixar-nos mais bonitos. Com ela, é bom ser visto, ouvido, amado. Uma pena ela ser mais leve, perene e fugidia que uma promessa. Um olhar, uma lembrança.

Mas, só uma delas te sangra — mais uma das revelações sobre a finitude humana, visto que só assim somos.

Sangremos, sangramos.

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Mário Carneiro
Mário Carneiro

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