Da imprescindibilidade de um boot massa
“You’ve seen your future bride
Yeah, but it’s oh so absurd
For you to say the first word
So you’re waiting and waiting and…”
Não participei da cultura do tênis na adolescência. O mais perto que cheguei disso foi um all-star que usei até abrir um rombo do tamanho do meu calcanhar em sua sola. Um belo dia percebi que talvez haja algo de inerentemente anti-amor em chinelos. Por conseguinte, todos os meus amigos sabem: se estou calçado, é porque há a esperança da presença da paixão.
Eu, por mim mesmo, nunca vestiria esse trem que só faz apertar os dedos e suar. Minha psicóloga dá uma risadinha sempre que me vê com os pés cobertos. Questiona para onde irei todo arrumado assim, e por vezes minto falando que simplesmente estava me sentindo bem aquele dia e resolvi me aprumar — sendo que o fato é justamente o contrário. É um absurdo mentir para alguém que é pago para nos ouvir, não é? Pior ainda seria encontrar Ela na sala de espera, ao final da sessão, e estar portando um par de Havaianas Power 2.0.
Mas ruim mesmo é quando me dou a todo o trabalho de colocar o maldito nos pés para a pessoa quista sequer dar o ar da graça! Já aconteceu mais de uma vez, te juro. Muito desaforo desse destino. Esses dias mesmo, fui na casa de um amigo, que disse que Ela também compareceria. Já deixei o aviso prévio: se ela não for, você vai ter que me emprestar aquela chinela lá do Lula que é mó massa.
Não obstante, acabei continuando calçado, de meia e tudo. Vai que Ela resolve aparecer.