Da sacada

Mário Carneiro
1 min readFeb 17, 2020

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“Deita
O corpo pra cá
Pra variar
A lua brilhando
No calcanhar
A rede balança
Sem descansar
E o tempo não cansa…”
(Na Varanda da Liz, A Coruja e o Coração, 2011)

Meu coração se recusa a aceitar que certas coisas têm lugar. Ele insiste em querer te trazer pro agora, para o meu lado, mesmo sabendo da inconsistência da proposta. Ele sabe que é lá, no passado, o seu lugar. A gente tem tanta história bonita de nós dois para contar e, verdade seja dita, os nossos momentos depois do nosso tempo foram sempre manchados por alguma melancolia ou nostalgia.

Ainda hoje, todas as vezes que passo na frente da sua varanda, dou uma olhadela, na esperança de roubar só mais um segundinho do teu sorriso. Eu sei, não é tão bom, mas acho que vou manter essa dorzinha gostosa só pra mim.

Por muito tempo, te ressenti por não dar o mesmo valor a tudo isso que eu chamo de nós. Quer dizer, eu sempre soube que é só uma questão de diferenças, mas é sempre mais fácil — e tentador — odiar a alteridade do que mergulhar nela.

Nós ficamos guardados numa caixinha, e tá tudo bem. Quando pego ela no fundo do armário para espiar lembranças, sempre abro um dos meus melhores sorrisos.

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Mário Carneiro
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