Enfrente
“E eu te peço que
Se aproxime de mim um pouco
Mas não tanto
A ponto de eu sentir sua falta
Quando você for embora”
O primeiro nome foi o dela. Quer dizer, não o primeiro de todos, nos tempos primordiais da língua portuguesa. Mas foi o dela que me veio à aorta quando disseram que toda saudade tem nome.
E foi assim que a ferida se abriu. Sangue pra todo lado, pressão altíssima.
A primeira vontade é a de fazer algo sobre.
Em seguida, lembro da sensação nada agradável advinda de murros em pontas de faca. Você tá tendo um lance legal consigo mesmo. Tem certeza que quer botar tudo a perder — novamente — por ela? Agora minha roupa tá toda manchada.
O estatuto ambíguo do ridículo deixa tudo mais difícil. Cicatrizes só são legais nos desenhos. Queria que meu coração caminhasse no mesmo ritmo de meu corpo e minha mente, e que as novas palavras tivessem um gosto tão doce quanto aquele de todas as vezes que redescubro, escondidas nas covinhas do teu sorriso, tuas letrinhas.
É assim que sigo em frente. Já não te espero mais, quero viver e descobrir outros horizontes, outras utopias em outros. De verdade. Mas também não nego que caminho com um espacinho irrevogável nas periferias do meu peito, ad aeternum reservado pra tua morada.