Fora

Mário Carneiro
2 min readApr 2, 2022

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“And though you have forgotten
All of our rubbish dreams
I find myself searching
Through the ashes of our ruins
For the days when we smiled
And the hours that ran wild
With the magic of our eyes
And the silence of our words”

É quando estes teus tiros em formato de olhos me atingem que me desnorteio e busco de novo, em tuas íris, as estrelas-guia. Tudo é culpa sua, mas a responsabilidade é tão somente minha.

Lembra das nossas cobertas e fronhas, do sol entranhado pela fresta da janela, do meu braço no teu peito e tua espinha sentindo as batidas do meu coração? Sim, lembro até daquela lasanha de berinjela, meio fria meio torrada do meu amor por você. Foi a primeira vez em que me confiaram uma janela.

“And soon there’ll be another/to tell you I was just a lie”

Te vi em outrem de costas e me alertaram do anacronismo. É assim que lembro dela, disse. É assim que a vejo até hoje. Não me iludo. Só não me peça para atuar; não me venha com migalhas. Te quero por inteira e o desejo nunca matou ninguém, só o destemor — mas esse daí não chega nem perto de meus espaços. Há muito que fui, foste, fomos

Não havia nada de perfeito naqueles tempos, mas, acima de tudo, não há quem tenha coragem de negar que eles foram.

Nem você.

No te preocupes, me iré ahora.

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Mário Carneiro
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