Guarda-sol
“Há de surgir
Uma estrela no céu
Cada vez que ocê sorrir
Há de apagar
Uma estrela no céu
Cada vez que ocê chorar”
E tudo que amei/amei sozinho, diziam os versos de Edgar Allan Poe, os quais meu coração subscrevera enquanto adágio até conhecer o seu amor e descobrir um novo tipo de medo, baseado não na perda ou na hesitação, mas na confiança, na certeza.
Na certeza de que, dessa vez, as palavras não são efêmeras; de que é possível dizer com segurança que, ao menos elas, vieram para ficar. Pode ser que tudo mude, é claro; nossas juras, no entanto, se inscrevem em nossas memórias a ferro e fogo. No final, as promessas são tudo que sempre temos — mas, dessa vez, sabemos de suas densidades. Mais pesadas que o céu, mais leves que um suspiro.
Bem que pode acontecer
De uma estrela brilhar
Quando a lágrima cair
Ou então
De uma estrela cadente se jogar
Só pra ver
A flor do seu sorriso se abrir”
Você não é tempestade, nem brisa. Você é a praia. É para onde vou quando quero sentir todos os afetos que a existência nos dá por direito. Em você, solto os ombros, bebo uma caipirinha e aceito seus perigos. Converso, me compreendo, me surpreendo e me afago. Mergulhar se torna tão somente um detalhe.
E eu sempre conto os segundos para voltar.