Materialista
“A simetria é tão sem graça”
Quando ele decidiu que iria superar o(s) medo(s), o mundo resolveu acabar.
Não obstante, sua determinação não foi abalada, e as ruínas do velho mundo ornariam a belíssima pintura que ele decidiu elaborar sobre o futuro — evidentemente, sem jamais esquecer do presente pois, agora, tudo era uma questão de perspectiva, e ele descobriu (explosão, como diria Clarice) que seus pensamentos eram intrinsecamente determinados por suas ações, e não o contrário!
Então ele resolveu que, dessa vez, ele faria coisas. Sem essa de sonhos! O negócio é o aqui, o agora, o ato e o verbo. Se for para projetar, que seja um plano perfeitamente executável. Vai dar tudo certo!
E ele fez coisas. Meu deus, como ele fez coisas.
Só que, eventualmente, ele cansou. Fazer definitivamente não é o mesmo que sentir. Ele definitivamente sentia falta de sentir, e os verbos pareciam inconciliáveis.
Voltou a recear. Se percebeu dialético pela primeira vez em muito tempo. “Uma pena que não exista equilíbrio”? Tampouco seria desejável.
Entre interpretar e transformar, a práxis — ele sintetizou — está em se implicar.