Materialista

Mário Carneiro
1 min readDec 5, 2020

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“A simetria é tão sem graça”

Quando ele decidiu que iria superar o(s) medo(s), o mundo resolveu acabar.

Não obstante, sua determinação não foi abalada, e as ruínas do velho mundo ornariam a belíssima pintura que ele decidiu elaborar sobre o futuro — evidentemente, sem jamais esquecer do presente pois, agora, tudo era uma questão de perspectiva, e ele descobriu (explosão, como diria Clarice) que seus pensamentos eram intrinsecamente determinados por suas ações, e não o contrário!

Não lembra de nada, apenas de tudo — aquilo que se sente.

Então ele resolveu que, dessa vez, ele faria coisas. Sem essa de sonhos! O negócio é o aqui, o agora, o ato e o verbo. Se for para projetar, que seja um plano perfeitamente executável. Vai dar tudo certo!

E ele fez coisas. Meu deus, como ele fez coisas.

Só que, eventualmente, ele cansou. Fazer definitivamente não é o mesmo que sentir. Ele definitivamente sentia falta de sentir, e os verbos pareciam inconciliáveis.

Voltou a recear. Se percebeu dialético pela primeira vez em muito tempo. “Uma pena que não exista equilíbrio”? Tampouco seria desejável.

Entre interpretar e transformar, a práxis — ele sintetizou — está em se implicar.

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Mário Carneiro
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