Medo da vida
“Pela geografia, aprendi
Que há, no mundo, um lugar
Onde um jovem como eu
Pode amar e ser felizProcurei passagem:
Avião, navio.
Não havia linha
Praquele país”
No congresso de Drummond, fui palestrante de abertura, com todos os devidos louros e consagrações. Na vida real, no entanto, sou insuficiente — não trabalho o suficiente, não milito o suficiente; sonho demais ao ponto de viver neles.
Derrubo Cuba Libre por todos os cantos. É uma celebração; todo ano é promessa. O que impera, todavia, é uma série de jargões que se traduzem em sina: resistência, sobrevivência, luta.
A prova mais certa que não amanheceu”
Quem assim vive, o faz na esperança da superação, de que um dia o merecido descanso virá, mas o que vemos é tal conjunto de sentenças se tornando condenações — e a vida se torna uma pena de toneladas.
Haja fibra, estamina, vigor. É preciso estar atento e forte. Nós nos inspiramos na imagem (que criamos) das Amazonas — guerreiras, guerra. Ninguém se lembra de quem fazia cultura nas fronteiras de Cítia.
Ademais, dizem, é preciso hombridade. Masculinidade. Assim, a humanidade se encolhe, fica pequenininha, do tamanho dos soldados, dos ditadores, dos democratas.
“E a vida, sempre nova, acontecendo de surpresa, caindo como pedra sobre o povo…”