Nos conformes
“Did you exchange
A walk-on part in the war
For a lead role in a cage?”
Choveu bastante nesses últimos dias. Choveu e fez muito calor. De ontem pra hoje, parece que deu uma virada no tempo, tá fazendo um friozinho, mas tudo bem também, é só usar uma blusa a mais. À tarde, tomei um chá. Com o friozinho, talvez venha a calhar uma sopa na janta.
A previsão diz que vem mais aguaceiro por aí — o que é bom porque, além de tudo, faz a gente ter menos vontade de sair de casa. É o mais correto, né?
Nem consigo me lembrar quando foi a última vez que acabei me molhando ao andar por aí. Acontecia muito quando eu resolvia voltar dos bares a pé na madrugada. Chegava em casa todo ensopado de chuva e cachaça. E histórias. Ah, como sinto falta das histórias. Não só das dos bares, mas de fazer histórias; daquele gostinho de que o amor e o perigo sempre podem estar virando a esquina, sabe? Hoje, parece que todas as hipóteses — sobretudo aquelas que eram tidas como as mais cotidianas antes do fim de tudo — renderiam uma série de conversas em rodas de amigos, juntas àquela maravilhosa agonia provida pela sensação de que a pessoa amada segue eternamente à espera de um momento de estúpida bravura: antes, um salto de fé; agora, colocar o pé para fora de casa.
Mas voltando à sua pergunta, tudo bem por aqui, enfim… e aí?
