o último trem
minha primeira viagem foi com você.
quer dizer, eu já havia visto uma coisa ou outra do mundo, mas foi você quem pegou na minha mão e disse:
“vamos juntos?”
como peregrinar em uma montanha-russa: altos e baixos fugazes, sensações térmicas extremas.
um dia, você disse:
“acho que não te amo mais.”
peguei minhas malas e parti.
quando voltei, não voltei só.
mas você estava lá, como quem expulsa, mas correu atrás do vagão.
e esperou.
você acabou por aquiescer, e encontrou alguém. um novo companheiro, que nunca lhe deu vontade de repetir aquelas palavras.
pegou o último trem, a caminho da ventura.
presentemente, quem permanece na estação, só, sou eu. não te esperando, mas observando o bonito modelo que você virou de itinerário e de harmonia entre destinos cruzados, porém opostos, pois, de todos os pesos que carrego no coração em minhas romarias, teu perdão é o mais leve.
obrigado.
20/10/2016