o último trem

Mário Carneiro
1 min readMar 1, 2019

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minha primeira viagem foi com você.

quer dizer, eu já havia visto uma coisa ou outra do mundo, mas foi você quem pegou na minha mão e disse:

“vamos juntos?”

como peregrinar em uma montanha-russa: altos e baixos fugazes, sensações térmicas extremas.

um dia, você disse:

“acho que não te amo mais.”

peguei minhas malas e parti.

quando voltei, não voltei só.

mas você estava lá, como quem expulsa, mas correu atrás do vagão.

e esperou.

você acabou por aquiescer, e encontrou alguém. um novo companheiro, que nunca lhe deu vontade de repetir aquelas palavras.

pegou o último trem, a caminho da ventura.

presentemente, quem permanece na estação, só, sou eu. não te esperando, mas observando o bonito modelo que você virou de itinerário e de harmonia entre destinos cruzados, porém opostos, pois, de todos os pesos que carrego no coração em minhas romarias, teu perdão é o mais leve.

obrigado.

20/10/2016

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Mário Carneiro
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