oitavo andar
(daqueles momentos piscar-de-olhos que transformam dias)
eu sai do carro. ela, em uma vaga alguns metros ao lado, saiu do seu carro. será que ela mora aqui?, pensei.
- olá — oi, boa tarde!
no mesmo prédio ainda. que coisa!
subimos no elevador juntos.
ela pergunta:
- qual andar? — o oitavo, por favor.
em alguns instantes, lembro que não existe oitavo andar nesse prédio. da onde você tirou ‘oitavo andar’, meu filho?, pensa minha indignada consciência (ironia: ela foi para o quarto andar).
o embaraço valeu a pena. ativar o bom e velho humor como mecanismo de autodefesa rendeu alguns risos, desculpas e falas bobas sobre o quão patetas nós somos às vezes.
minha vergonha mal me permitia olhar o seu rosto. me encolhi no outro canto do elevador e, entre uma anedota e outra, te fitei e, pelo menos, o importante deu pra gravar: que sorriso lindo!
pouco depois, voltei à cena do crime, mas duas felicidades caem menos no mesmo lugar do que raios.
todavia, quem sabe, né?
acho que adoraria aproveitar mais uma vez aquele tempinho chato do elevador errando números ao lado dela.
04/08/2016