Prófugo
Qual é a idade na qual nós aprendemos pelo quê é válido sofrer?
Minha mais agridoce lembrança vem de quando eu não estava há sequer uma década neste plano (Freud intensifies). Não que tenham deliberadamente me ensinado, mas aprendi que é por uma ausência que a dor se legitimava.
Filmes, músicas, e tudo o mais da cultura me envolveram pelo mesmo caminho: a tal da mulher amada. Conceito mais sem-pé-nem-cabeça da história do Ser, que fez incontáveis vítimas — muito mais reais pra um lado do que para o outro, como o feminismo bem nos ensina.
Estou na encruzilhada. Olhar para trás já não me diz muita coisa, e seguir na mesma direção carece de significado. As paralelas surgem como opções intrigantes, ainda que a pluralidade dos pontos cardeais seja um doce convite.
Presentemente, me sinto mais sensível. Aos afetos, à alteridade com meus pares. Aprendo cada vez mais sobre as doces incongruências de amar — agora, não só pessoas, mas objetos, momentos, pensamentos…
É deliciosamente desolador o ato de vagar.