Primeiras pessoas

Mário Carneiro
1 min readJun 12, 2021

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“Te chamo porque não vens
Eu estou sozinho
Escrevo cartas do trem
A todos os velhos amigos
Talvez
Espante os fantasmas que eu vejo”

Hoje é dia dos namorados. “É uma data inventada”, dizem de modo irrefletido. “Todas as datas são inventadas, er” é o que penso, mas não digo — não quero ser rude. Ambos exercícios discursivos fúteis. Enquanto debatemos a validade de símbolos e afetos, uns amam, outros renegam. Todo mundo é mais ou menos cético hoje em dia.

Mesmo assim, ainda tentamos. Nada mais nos resta, afinal. As únicas coisas que nunca saem de moda é o pretinho básico, e amar e ser amado. Todo mundo precisa acreditar em algo.

“E foi naquele desencontro…”, de Raquel Machado.

É sufocante, mas não posso negar que gosto da ideia de que o humano só se constitui em relação. O ônus é a anomia que se sente diante do isolamento. Não sei diferenciar o singular do plural; sou um todo eternamente faltante.

Laço.

É o que falta entre s.

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Mário Carneiro
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