Romance astral
“ …a paixão fundamental
Edípica vulgar
De inventar meu próprio ser”
Me deixa tentar te provar que também há algo de sideral no odor do cotidiano, afinal o Homem também é bicho — e, como bicho que é, ele sente falta. Não há modernidade que apague a ausência do teu toque no corpo primata.
Você vai e vem entre o lá e o cá, o Eu e o Outro. Passo a vida perscrutando onde o(s) nós entra(m) nessa história. Se eu procuro o amor, nos teus olhos é que encontro o prisma — conheço a multiplicidade, que só aumenta a vontade de ser Uno contigo.
O que não quer dizer a dissolução. Você sabe, já passamos dessa fase. Apenas imagine o desafio que seria ao mundo tal fusão! Não sobraria átomo sobre átomo, dúvida sobre dúvida, chêro sobre chêro.
Eu sonho, sim. Sonho demais, também. Suportar o além-dia também é uma tarefa de corajosos, acredite: de ladrilho a ladrilho na estrada que me levará até você.
Há de chegar o ponto em que eu te alcançarei. Quando isso acontecer, meu bem, anunciar-se-á um novo plano, feito em quatro mãos; do concreto às ondas do celeste, na fissão de nossos universos.
O real que se prepare.