Sincrética
“Até onde a gente chegar
Numa praça, na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar”
Teu infinito certamente não se restringe aos contornos de meus confortos…
E tudo bem! Observar os caminhos que você abre pelo mundo é quase tão bom quanto te ver voltar. Há quem ache que já não há mais nada a se criar nessa vida; pois que descubro um universo em cada toque teu — e assim me expando.
Dissimulo amor na timidez de meu abraço, ao passo que você desconfia dos projéteis em forma de olhares que te disparo. Acredito, no entanto, ser justamente aí onde nos deciframos: ainda que sob perspectivas completamente diferentes, aprendemos simultaneamente a ir. No caminho, fazer e sentir se fundem em combinações cuja ordem dos fatores sempre altera os resultados, sublimando processos em forma de pureza e perigo.
Depois, a gente se encontra. Num passo, a conversa acontece. Sempre imperfeita, sempre mutante. Você solicita, mesmo não gostando de ser adulada, apenas para me aprazer, por saber que adoro te transpassar. Baila enquanto observo de lado, como quem busca te deixar livre, lutando contra a vontade de fitar ininterruptamente, pois cedo ou tarde você irá para um lado e eu, no sentido contrário, me agarrarei à despedida — que é também promessa e, portanto, certeza de ter ao menos (mas não só, pode ficar tranquila) um motivo para continuar.