Sobre o Seu Zé e a Dona Maria
“What a way to make livin’
Barely gettin’ by
It’s all takin’ and no givin’”
Just a watch ’em shatter
You’re just a step on the boss man’s ladder
But you got dreams he’ll never take away”
Transformar a imbecilidade em graça é tarefa das mais árduas porque vai de encontro a seu extremo oposto: o berço da estupidez enunciada é sempre contra as artes, a poesia, a literatura e as ciências humanas. Em seu embate, frequentemente evoca duas figuras a-históricas, a-substanciais, mas com rostos e marcadores sociais da diferença flutuantes ao gosto do freguês: o Seu Zé e a Dona Maria.
Seu Zé e a Dona Maria não leem, não refletem, eles só trabalham. E só trabalham porque esse trabalho é essencialmente, numa leitura com pitadas do marxismo mais preguiçoso possível (perdoai-vos, Marx), completamente alienado. Nem Tempos Modernos é possível; até Chaplin nada pensava ou sentia. Aliás, desde quando atuar é trabalho!?
Contra Seu Zé e Dona Maria se colocam os minions da futilidade e do desperdício das preciosas (e sempre, sempre escassaz) verbas públicas. São eles, os cientistas sociais, que demandam verdadeiras fortunas para disparates como, por exemplo, a investigação sobre outra figura que frequentemente se alia com os anteriormente citados nos bacanais realizados com as riquezas produzidas pelo nosso tão amado casal de senhorzinhos (sempre senhorzinhos) trabalhadores: a Tribo X.
And you never get the credit
It’s enough to drive you
Crazy if you let it”
A Tribo X — diferentemente do co-fundador da Varos, “Do Zero ao Avançado: o melhor curso de Valuation do Brasil, VBOX: tudo para você para escolher as melhores ações e FIIs” (nenhuma dessas palavras se encontra na Bíblia) — não existe porque não existe mais e se seu verbo é puramente particípio, ela já não tem mais importância.
O Seu Zé e a Dona Maria, por outro lado, também não existem, mas eles são importantes (volta pro título desse texto!) porque eles são o espectro que ronda (olha Ele aqui de volta) nossas consciências e culpas (cristãs? esses dias, um dos papos da #esquerdosfera tuiteira foi o messianismo em Marx e em Cristo, mas essa celeuma eu deixo para outro departamento de minions).
Transformar a imbecilidade em graça é coisa de quem não trabalha, como cientistas sociais (isso pra não falar dos poetas!) e a Tribo X. Diferentemente do Seu Zé e a Dona Maria, bodes expiatórios daqueles que fazem da vida uma eterna vigilância diante do medo da escassez, da falta, do futuro, de nós mesmos.