Velocidade da luz
“Like a mother bird crying out for its young
I will sing it loud with all the might in my lungs”
Vai ou racha. Me pergunto se refere-se a uma decisão ou ao andamento: tenta ou desiste; paira ou coloca umas rodonas de aros enormes no seu Mitsubishi Eclipse de 1995, um motorzão irado, nitro etc. Ouvi dizer que essa ideia de velocidade é coisa do capitalismo. Me apaziguo; depois de certa idade, é bom lembrar disso. Dói quando a gente é jovem e descobre essa verdade. Depois, no entanto, fica tudo bem. Uma boa parte das vezes…
Tem algo de mágico que é preciso preservar na aceleração, para além do que a Física nos faz entender (?). Tem a do Mitsubishi Eclipse, mas também a das batidas do coração. Em Música, é curioso notar, acelerar é na maioria das vezes visto como erro. Euterpe exige cadência. O mais violento death metal é, em grande medida, uma andança.
Corro contra as datas e intervalos e o medo, para que todos meus afetos estejam anunciados na hora; que ninguém alegue ignorância do meu amor. Pena que, nesse mundo de hoje em dia, de pouco vale a velocidade do som. O que dizer, então, do vento!?
Meu ‘smack’ quase que não encontra teu tímpano;
Meu beijo quase que não encontra tua boca.
Tem vários outros fenômenos do estudo dos movimentos que poderiam ser usados aqui como metáforas, porém o que eu queria mesmo era falar de amores, saudades e desejos. Gosto da poética que é inimiga da inovação, outra palavra abobalhada do Capitaloceno. Não nego, contudo, que sou também cria dele. Ando depressa porque já tive que vagar. Sertanejo às avessas; só o coração que, no mesmo tempo, apanha.