Vária grandeza

“Te espero, meu bem,
Pra gente se amar de novo”

Das árduas tarefas dessa vida, escrever sobre a felicidade é Realeza, e é por isso que estou sempre antecipando sofrimentos. Penso na Lógica e na Razão, aqueles pontos no horizonte que todo casal acaba por chegar, e anseio em fazer a cama, como se fosse possível se proteger da contingência — sendo que, na verdade, no amor estamos sempre nus.

Nesses momentos, uma simples pausa que me permita olhar em seus olhos me traz de volta ao presente e me faz, finalmente, abraçar o Agora — inimigo de eras, temido por todos os corações que batem. Com você, ele perde importantes aliadas — a Nostalgia e a Ansiedade — e tudo que resta é a mais brilhante das entidades: nós. Pequena, minúscula, como quem sabe que não precisa de músculo, altura ou falo pra emitir a substância mais importante da existência, que é a Beleza.

“Andar de mãos dadas
Na beira da praia,
Por esse momento
Eu sempre esperei”

Quando olho para mim mesmo, você sabe, vejo a Feiura. Para a minha sorte, nesses momentos você me dá a mão e me sinto Luz. Seu calor acende uma chaminha em meu peito que dura só o tempo do toque, mas que enseja toda uma vontade de ser vela infinita. Sei que você não é combustível — e, de todos os temores, o meu maior é te Consumir, por isso experimento com o atrito de meu peito com o mundo, para que possamos seguir reluzindo juntos.

Seguimos orando e pedindo às simplezas dessa vida por nós, pois que a prece fica mais poderosa quando são duas mãos de corpos amantes que se unem no acreditar.