“É preciso amar o amanhã como se não houvessem pessoas”
“Nada é fácil de entender…”
Ela parafraseia o Renato como se não soubesse que tal cinismo só o faz debater-se no túmulo ou onde quer que esteja. Como se é importante, pois ela bem compreende que o blasé o aterrorizava. Em sua ausência, explano o poeta como um advogado que pleiteia a liberdade de ser do réu: que suas palavras manchem seu legado, mas nunca extinguirão sua Virtude e Verdade!
Os cigarros se apagam e voltamos à mesa, braços rígidos que constrangem as mãos desejosas do toque, esvaecendo qualquer importância da poesia. Tudo se dá quando não se diz, em alto e bom som, o que lhe carece. Com isso, quero dizer: a vida sempre permanece acontecendo, sem se preocupar em dar a mínima satisfação.
Foi quando ela tocou no peito de outrem que percebi meu pathos. Nesse momento, invejo, mais do que tudo, os hispanohablantes que sabem laçar o poder do te quiero. Não almejo a agradabilidade, o asseio ou a levez; ao menos, não para mim.
E é por isso que nossa hibridez claramente fascina a todos que a veem.
Só nos resta saber, então: para ti, sou pessoa ou amanhã?